Nunca fui ciumento. Hoje, por algum motivo - que eu não pretendo entrar em detalhes, quase morri de ciúmes, raiva e frustração. Enquanto pensava sobre isso, olhei para o lado e vi Joey sentado olhando para a minha cara com uma expressão muito curiosa. Parecia um misto de vontade de rir e pena. Perguntei do que se tratava e ele disse que eu era um idiota. Rebati dizendo que, se eu fosse um idiota, pela lógica, ele também seria um idiota. Ele suspirou e desatou a falar.
Joey introduziu-me dizendo que o ciúme não deve ser confundido com a inveja. Na opinião de Joey, o ciúme é um sentimento em que você, mesmo enxergando a situação, não consegue mudá-la, enquanto a inveja é um sentimento em que você só depende de você pra conseguir o que quer. Quando eu lhe pedi por maiores explicações, Joey, antes de expô-las, fez questão de lembrar que ambos são sentimentos ancestrais e que, por essas e outras, dizem muito sobre as pessoas. Eis os exemplos:
1º - O homem das cavernas (X) sente ciúmes da sua fêmea (Y) porque um outro homem das cavernas muito mais forte e peludo (XXX) do que ele apareceu na SUA caverna com metade de um bisão nas costas.
2º - O homem das cavernas (X) vê outro homem das cavernas (XXX) entrar dentro da SUA caverna com um tacape encravado de feixes de pedra, de modo a formar uma maça estrela. Depois de alguns segundos de análise, o homem das cavernas (X) percebe que o tacape do outro é mais eficiente do que o seu quando o quesito é matar, então começa a trabalhar em um novo tacape para que o seu seja tão ou mais eficiente do que o do outro.
Joey resumiu que ciúme é coisa de molóides e que a inveja é um dos principais fatores que impulsionaram a evolução humana.
Intrigado, rebati aos comentários de Joey dizendo que eles não se aplicam ao meu caso, uma vez que em ambos os casos expostos os protagonistas tinham consciência do que sentiam e, de certa forma, ambos tinham algum controle da situação.
O filho da puta riu na minha cara, me chamou de hipócrita e egoísta e, como se não bastasse, desapareceu.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
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