sábado, 16 de janeiro de 2010

Atóron atacantes narigudos!

Já notaram que as pessoas que mais fazem fofoca são as que sempre são as primeiras a dizer "nossa, eu odeio fofoca, não gosto de me meter na vida dos outros e blá blá blá"?

Pois é, eu também notei.

Eu acho uma coisa natural comentar da vida dos outros, comentar o que fulano fez ou deixou de fazer e etc. É um assunto comum que está em presente em qualquer mesa de bar. O problema começa a partir do momento em que as pessoas que tão falando dos outros usam as palavras para depreciar a imagem do terceiro que, geralmente, nem está junto do primeiro para se defender.

E isso me deixava puto.

Imaginem que já falaram as coisas mais sórdidas de debilitantes pelas costas, claro. A fofoca é usada por quem não tem argumentos. Todos os dias nós somos esfaqueados pelas costas por gente que nós jamais pensaríamos que fosse capaz de fazê-lo, mas, fazer o que? Falar que eles não tem o que fazer? Falar que a vida deles é desinteressante a ponto de eles terem que vir e falar da gente? Chorar? Dar porrada? Contar pra mamãe? Processar? Revidar com fofocas?

Tudo bobagem.

O negócio mesmo é olhar pro lado e ver quem está do seu lado, afinal, se eu não me importar e viver minha vida para as estrelas que brilham pra mim, o que os outros pensam e começam a indagar vira problema deles.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Joey, o Eremita.

Joey embaralhou as cartas com mão bem rápidas e eficientes. O baralho era velho, puído e parecia que iria se desintegrar ao menor toque. Seu estado de conservação era inversamente proporcional à importância que ele poderia ter tido em outrora, uma vez que era imenso e os desenhos nas cartas cheios de adornos em curva.

- São cartas de tarô, meu camarada... Uma variante do baralho padrão, ao qual acrescentei uma seleção de minha própria lavra. Agora observe com cuidado.

- Observar o quê?

- Vou revelar seu futuro. Provavelmente você não sabe, mas no tarô convencional, sete cartas devem ser viradas e postas em conjunção umas com as outras. Entretanto, como você é um idiota, eu vou virar apenas três e meio. - O tom de zombaria penetrou no final da frase da mesma forma que se mostrava evidente em toda vez que ele me olhava.

- ...

Parou de sorrir e dispôs três cartas em lado-a-lado com cuidado. A primeira carta a ser virada foi a do meio.

- O louco. - A carta mostrava um jovem adolescente com chapéu de palhaço pulando em um pé só e tocando flauta. Ele está à beira de um precipício, mas não se importa, mesmo com o cão ao lado dele latindo avisando-o do perigo. - Acho que ela não carece de explicações, não é?

- Porque careceria? Eu sempre sei o que você pensa, da mesma forma que você sempre sabe o que eu penso!

Joey riu com vontade e virou a segunda carta. A carta da esquerda. Tratava-se de um sujeito esquelético com uma roupa preta puída e uma foice gigante. Crianças corriam ao seu redor com expressões de pavor no rosto. Por algum motivo, uma mulher que segurava um bebê sorria tranquilamente.

- Morte - Joey disse suavemente - mas não para você.

Joey parou por alguns segundos. Senti a excitação percorrer cada partícula de seu corpo de enquanto ele colocava a mão na carta da direita. Ele mal podia se conter. Sua respiração era rápida e irregular, como se estivesse à beira de um orgasmo. Com os dedos tremendo, ele virou a carta da direita.

- Trata-se da carta - sorriso malicioso que só ele sabe fazer no rosto - Vida. - finalizou com os olhos brilhando - Mas não para você.

Não sei se ele errou ou se fez de propósito, apesar de eu achar que a segunda alternativa é a mais aceitável, mas percebi que havia uma carta escondida por debaixo da carta do meio. Na hora, eu não sabia qual era, mas a julgar pela excitação de Joey e pela sua reação ao abrir a última carta, concluí que só podia ser o Eremita.

Joey é um filho da puta egocêntrico que não vale nada.
Não me espanta que ele me adore e que esteja sempre comigo.