sábado, 9 de maio de 2009

Quem quer sonhar para sempre?

Diga-me se você gosta de sonhar. Gosta? Interessante. Agora diga-me se você gostaria de sonhar para sempre. Se você responder que sim, então eu julgo você como leviano, entretanto, se dizes que não, então podemos continuar. Você gosta de sonhar, mas não quer sonhar para sempre, por quê? Ah, sim, você acha que ainda tem experiências para viver e quer ter histórias pra contar para os seus netinhos enquanto você estiver bêbado. Compreensível. Última pergunta: quando você sonha, você faz parte de uma história, então, como você fez parte de uma história, porque não guardá-la, considerá-la experiência e contá-la algum dia pros seus netinhos?

Por favor, diga-me que sua resposta é que sonhos não são reais. Diga-me que você anseia pela vida em si e que jamais deixará com que a fantasia tome conta do seu eu. Diga-me que você não vive uma vida de mentiras, as quais não passam uma teia traçada dia após dia pela sua imaginação, que fazem com que você se esconda de tudo o que é ruim e impuro da vida real e te mergulham num mar de felicidade clandestina. Diga-me também que você, por mais que goste de sonhar, não quer nem pensar na possibilidade de viver em função dos seus sonhos.

Evolution. Evolution. Evolution.

Não, eu não deixarei com que a minha fé se vá. Preciso sonhar. Independente do sonho, preciso sonhar. Não quero ter mais angústias nessa epopéia (por enquanto) infeliz que é minha existência. Preciso de um porto seguro. Não quero que ele faça com que os meus sonhos se tornem realidade. Só quero que ele me faça sonhar.


Um porto seguro é o que peço. É muito, eu sei, mas eu daria qualquer coisa por um.

Um comentário:

  1. A falta de sonhos e o maldito "carpe diem" exacerbado. As malditas pessoas de "uma porção" (oi, fight club!). Acho que tudo isso está aí no seu texto.
    Queira os sonhos. Como nuvens concretas. E deixe as pegadas sobre elas, marcando tanto as hipotéticas nuvens quanto o seu pé. Afinal, o que é o homem, construção historicamente situada (e não um dado pronto, acabado), senão ele e suas circunstâncias? Ou ele e aquilo que ele faz de sua vida?

    p.s.: Dica para as férias: Tempos líquidos, do Zygmunt Bauman.

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